ATIVIDADE 3 – LET – LITERATURA PORTUGUESA E PAÍSES LUSÓFONOS – 53_2024
QUESTÃO 1
Tendo em mente que o Presencismo é o segundo momento do modernismo Português, leia o excerto:
“Uma literatura que viva só de si própria, isolada de qualquer contacto com as literaturas dos outros países, será uma literatura condenada à morte por consumpção; à morte irremediável, porque o próprio de todo o espírito vivo e criador é abrir-se às grandes correntes universais, arejar ao contacto de tudo o que é também vivo e criador, venha donde vier. As maiores épocas de todas as literaturas são precisamente aquelas em que os contatos com as outras são mais largos e profundos. Só perde em contacto com o que é superior o talentozinho frouxo, sem força própria, que qualquer vento dobra e deforma”.
Fonte: SIMÕES, J. G. Nacionalismo em literatura. Presença, n. 7, p. 85-86, 1927b.
Compreendendo a importância e as características do Presencismo, analise as afirmativas a seguir:
- Buscou a integração de Portugal com o restante da Europa, evitando o isolamento cultural.
- Entendia como necessário encorajar a literatura portuguesa a se desafiar diante do contexto continental.
III. Fundiu-se com o Orfismo e buscou se consolidar como prática isolada da cultura insular.
- Buscou abrir espaço crítico e literário para a produção literária que ocorria em outros países europeus.
É correto o que se afirma em:
Alternativas
Alternativa 1 – I, apenas.
Alternativa 2 – I e II, apenas.
Alternativa 3 – II e III, apenas.
Alternativa 4 – III e IV, apenas.
Alternativa 5 – I, II e IV, apenas.
QUESTÃO 2
Compreendendo os movimentos estéticos como transformações inseridas em um contexto sócio-histórico, leia o excerto:
“O Neorrealismo tem sua abertura oficial em 1939, segundo a história da Literatura Portuguesa. No ano em questão, publica-se Gaibéus, romance de Alves Redol. O escrito é preocupação viva com questões sociais, sintonia que é o cerne da estética e seu grande atrativo. […] Em perspectiva mais ampliada, pode-se afirmar ainda que, no caso de Portugal, o Neorrealismo é também expressão intensa de insatisfações políticas. A intelectualidade portuguesa mais à esquerda posiciona-se por meio dele contrária ao Estado Novo Português.”
Fonte: AMBIRES, J. D. O Neorrealismo em Portugal: escritores, história e estética. Trama, [S. l.], v. 9, n. 17, p. 95–107, 2013, p. 2.
Após analisar o excerto, analise as afirmativas a seguir:
- O Neorrealismo só surge em Portugal, pois há um contexto político que exige mudanças literárias e culturais.
- A intelectualidade portuguesa da época buscou representar suas insatisfações por meio da literatura que teve essa função exclusiva.
III. A compreensão de que todo autor é um homem de seu tempo fica evidente no excerto e no contexto de surgimento do Neorrealismo.
- A dificuldade política instaurada pelo Estado Novo em Portugal auxilia no impulso da nova estética promovida pelo Neorrealismo.
Assinale a alternativa correta:
Alternativas
Alternativa 1 – V,V,F,F.
Alternativa 2 – V,F,V,F.
Alternativa 3 – F,V,F,V.
Alternativa 4 – F,F,V,V.
Alternativa 5 – V,F,F,V.
QUESTÃO 3
Leia, abaixo, o “Poema em Linha Reta”, de Álvaro de Campos:
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Fonte: PESSOA, F. Poema em Linha Ret. In: Obra Poética. Cia. José Aguilar Editora – Rio de Janeiro, 1972, p. 418.
Com base na leitura do poema, avalie as afirmações a seguir.
- O poema apresenta ironias sobre as convenções sociais de sua época.
- O eu-lírico critica-se ao olhar para si e para o mundo ao seu redor.
III. O poema visa engrandecer pessoas falsas e sem caráter.
- O eu-lírico valoriza as etiquetas sociais como motivos para marginalizar outras pessoas.
É correto o que se afirma em
Alternativas
Alternativa 1 – I, apenas.
Alternativa 2 – I e II, apenas.
Alternativa 3 – II e III, apenas.
Alternativa 4 – III e IV, apenas.
Alternativa 5 – I, II e IV, apenas.
QUESTÃO 4
“O instaurador do Simbolismo em Portugal é o poeta Eugênio de Castro, com o seu livro Oaristos, de 1890. Mas, de acordo com Álvaro Cardoso Gomes (1986, p. 12‐13), algumas figuras da geração realista já contribuíam erigindo as bases do movimento que viria a ser consolidado com o já referido Eugênio de Castro, e com Antonio Nobre e Camilo Pessanha. O pessimismo e o desencanto de Antero de Quental, a musicalidade dos versos de Guerra Junqueiro e o visionarismo de Gomes Leal são os antecedentes mais notáveis que preparam o terreno para o aparecimento da estética simbolista em terras lusas”.
Fonte: GERMANO, R.; SOUZA, R. O Simbolismo em Portugal: uma leitura de Camilo Pessanha. Crátilo: Revista de Estudos Linguísticos e Literários, UNIPAM, v. 5, n. 1, p. 64‐76, 2012.
Após ler o excerto e compreender que há um movimento que vem se construindo de forma paulatina, que é fundamental para entender o Simbolismo em Portugal, é correto afirmar que:
Alternativas
Alternativa 1 – O Simbolismo em Portugal foi um movimento de afirmação de uma nova estética que até aquele momento não havia sido experimentada.
Alternativa 2 – O Simbolismo em Portugal não teve influência de outros países e autores de fora do Portugal, por isso é tão autêntico.
Alternativa 3 – Algumas experiências de autores realistas já apontam, em Portugal, para uma mudança estética que se confirma no Simbolismo.
Alternativa 4 – Antero que Quental é o grande escritor realista em Portugal, por isso é um erro afirmar que teve influência no Simbolismo.
Alternativa 5 – Os movimentos realistas e simbolistas em Portugal se misturaram e transformaram em algo inédito e único em toda Europa.
QUESTÃO 5
O século XX inicia diante de grandes reformulações. “No campo das ciências começa a ruir a velha metafísica dos objetos fechados, das entidades e das coisas, para dar lugar às relações. Uma coisa não é mais uma coisa: é um conjunto de partículas, uma dança de elétrons” (ACHCAR, 1994, p. 205).
Após ler e refletir sobre o excerto, é correto afirmar que o modernismo português é:
Alternativas
Alternativa 1 – Uma consequência da segunda guerra mundial e sua repercussão.
Alternativa 2 – Um reflexo das transformações globais em diferentes esferas sociais.
Alternativa 3 – Um momento de isolamento e diferenciação da Europa ocidental.
Alternativa 4 – Uma retomada dos valores clássicos de Camões e Bocage.
Alternativa 5 – A necessidade de apontar para outras linguagens artísticas.
QUESTÃO 6
“Pessoa mesmo chega a fazer esta distinção, porém também fala de “personalidades literárias”. A distinção parece ter a função de assinalar que Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos têm mais autonomia e são mais completos e mais criadores. O que caracteriza todas estas figuras, no entanto, é que não existem simplesmente em textos literários como personagens ou narradores senão que produzem-nos – sem que Fernando Pessoa possa assumir a autoria destas criações”.
Fonte: MICHAEL, J. A Heteronímia de Fernando Pessoa: Literatura Plurilíngue e translacional. Cad. Trad., Florianópolis, nº especial, p. 161-181, jul./dez. 2014.
No excerto, Fernando Pessoa apresenta características de seus heterônimos. A partir disso, analise as afirmativas a seguir:
- Os heterônimos podem ser considerados a mesma coisa que nome artístico na atualidade.
- A grandiosidade dos heterônimos se configura na função de que eles se tornam personas independentes do autor.
III. Um dos pontos de genialidade de Fernando Pessoa foi a capacidade de criar três heterônimos completos e tantos outros incompletos.
- Fernando Pessoa assume, por meio dos heterônimos, a possibilidade de dizer coisas que ele por si só não queria.
É correto o que se afirma em:
Alternativas
Alternativa 1 – IV, apenas.
Alternativa 2 – I e II, apenas.
Alternativa 3 – II e III, apenas.
Alternativa 4 – III e IV, apenas.
Alternativa 5 – I, II, III e IV.
QUESTÃO 7
“Segundo Manuel Ferreira (1989b), o entendimento da literatura africana passa pela compreensão da perspectiva dinâmica que orienta a produção literária, que faz com que esses momentos não sejam rígidos nem inflexíveis e permite que um escritor, muitas vezes, atravesse dois ou três deles: no espaço ontológico e de criatividade poética do escritor movem-se valores do colonizador que são dados adquiridos, funcionam valores culturais de origem e há sempre a consciência de valores que se perderam e que é necessário ressuscitar”.
Fonte: FONSECA, M. N. S.; MOREIRA, T. T. Panorama das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, p. 2. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5664206/mod_resource/content/1/Panorama%20das%20Literaturas%20Africanas%20em%20l%C3%ADngua%20portuguesa.pdf. Acesso em: 4 jul. 2024.
Entendendo a literatura africana em língua portuguesa como um processo de descolonização e emancipação cultural, nota-se que há espaço para críticas, reflexões e imposições. Considerando as informações apresentadas, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas:
- As literaturas africanas em língua portuguesa devem, como preceito estético, moldar-se sempre aos valores vigentes do país e cultura que o colonizou, mesmo que o processo de independência já tenha ocorrido.
PORQUE
- Os países do continente africano, como diz o autor do excerto, tiveram suas referências culturais e históricas apagadas pelo colonizador, causando um sufocamento histórico e literário.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:
Alternativas
Alternativa 1 – As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
Alternativa 2 – As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
Alternativa 3 – A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
Alternativa 4 – A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
Alternativa 5 – As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 8
Proposição
Corsino Fortes
Ano a ano
crânio a crânio
Rostos contornam
o olho da ilha
com poços de pedra
abertos
no olho da cabra
Fonte: FORTES, Corsino. Pão & fonema. Lisboa: Sá da Costa, 1975. p. 30. Disponível em: https://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/cabo_verde/corsino_fortes.html. Acesso em: 4 jul. 2024.
Analisando estrutural e tematicamente o poema do escritor cabo-verdiano Corsino Fortes, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas:
- A violência sofrida ao longo da colonização é tão forte que molda significativamente o ambiente físico, o que pode ser verificado nos três primeiros versos.
PORQUE
- A poesia dedica-se a revelar sentimentos de gratidão e reverência do eu-lírico, oprimido, diante da exuberância cultural trazida pelo colonizador.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:
Alternativas
Alternativa 1 – As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
Alternativa 2 – As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
Alternativa 3 – A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
Alternativa 4 – A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
Alternativa 5 – As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 9
Prisão
Jorge Barbosa
Pobre do que ficou na cadeia
de olhar resignado,
a ver das grades quem passa na rua!
pobre de mim que fiquei detido também
na Ilha tão desolada rodeada de Mar!… …
as grades também da minha prisão!
Fonte: BARBOSA, Jorge. Poesias – I. Lisboa: ALAC, 1989. p. 113.
Considerando o poema do poeta cabo-verdiano Jorge Barbosa, analise as afirmativas a seguir:
- Apresentam um olhar de constatação da exploração cultural e econômica proporcionada por Portugal.
- Mesmo o eu-lírico não estando fisicamente em uma cadeia, há um sentimento de prisão, de isolamento.
III. O eu-lírico deixa claro a sua felicidade ao ser levado para uma ilha paradisíaca em que se torna conquistador.
- O título do poema reflete a dor do eu-lírico que tem sua família presa por um motivo injusto.
É correto o que se afirma em:
Alternativas
Alternativa 1 – III, apenas.
Alternativa 2 – I e II, apenas.
Alternativa 3 – II e III, apenas.
Alternativa 4 – III e IV, apenas.
Alternativa 5 – I, II e IV, apenas.
QUESTÃO 10
A revista Orpheu (1915) foi fundada em Portugal pelos escritores Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Tomás de Almeida. O movimento iniciado por eles ficou conhecido como Orfismo.
Com base nesse contexto, analise as afirmações a seguir.
- O Orfismo foi um movimento regionalista que visou ampliar a exploração temática lusitânia.
- O Orfismo foi um movimento que procurou universalizar a literatura produzida em Portugal, construindo, assim, um movimento voltado ao mundo.
III. A revista Orpheu teve apenas uma abrangência local e não conseguiu dar visibilidade para o movimento que ocorria em Portugal.
- A revista Orpheu foi uma das grandes portas que abriram Portugal para o mundo moderno e contemporâneo, expandindo a arte e seus limites.
É correto o que se afirma em
Alternativas
Alternativa 1 – I, apenas.
Alternativa 2 – II e IV, apenas.
Alternativa 3 – III e IV, apenas.
Alternativa 4 – I, II e III, apenas.
Alternativa 5 – II, III e IV, apenas.